Para ler as ruínas do Antropoceno mineiro: catástrofe-crime e trauma cultural em Mariana

Autores

  • Natanael de Alencar Santos Autor
  • Natasha Karenina de Sousa Rego Universidade Estadual do Piauí Autor

DOI:

https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v11.996

Palavras-chave:

Antropoceno. Catástrofe. Trauma Cultural. Mariana. Ruínas.

Resumo

O artigo busca fornecer algumas indicações sobre como situar o Brasil no Antropoceno. Pergunta-se: como ler as ruínas do Antropoceno brasileiro a partir de desastres recentes? O objetivo geral é aferir a dimensão traumática do Antropoceno Mineiro a partir da catástrofe-crime de Mariana. Os objetivos específicos são, portanto, delinear os contornos do Antropoceno Mineiro, conectando-os com a teoria do trauma cultural de Alexander (2012) e a dinâmica entre valores e sofrimento em Joas (2013). Investigou-se dois documentos – "Estudo e sistematização dos danos morais individuais e coletivos para processo de indenização/reparação dos atingidos e atingidas pela barragem de rejeitos da Samarco Mineração S.A. (Vale e BHP Billiton) em Mariana-MG" e o livro-reportagem “Vozes e silenciamentos em Mariana: crime ou desastre ambiental?”, que foram lidos com as lentes da teoria do trauma cultural, das interpretações do Antropoceno e suas vozes no interior das ciências humanas e de contribuições, especialmente decoloniais, que desconstroem entendimentos hegemônicos sobre a relação sociedade-natureza na modernidade. Propõe-se a indissociabilidade entre Antropoceno e as catástrofes; destaca-se a relevância do trauma cultural como um elemento importante na compreensão dos impactos catastróficos; habilita-se uma "leitura de ruínas" para mensurar impactos em tragédias. A importância desta pesquisa reside em explorar esta camada pouco aferida no dimensionamento das catástrofes tecnológicas contemporâneas. A partir dos documentos, conclui-se que existe um processo ativo em curso para estabelecer a catástrofe-crime de Mariana como um trauma cultural – sobretudo no que diz respeito ao descentramento moral, expansão de sensibilidade e na solidificação do evento na memória pública. Além disso, a análise dos documentos demonstra ser viável a leitura das ruínas do Antropoceno brasileiro a partir da centralidade do trauma cultural. 

Biografia do Autor

  • Natanael de Alencar Santos

    Mestre em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba. Membro do GETS - Grupo de Estudos em Estética, Técnica e Sociedade (CNPq e DCS/UFPB)

  • Natasha Karenina de Sousa Rego, Universidade Estadual do Piauí

    Mestra em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudo em História, Territorialidades e Movimentos Sociais (UESPI/Floriano) e Grupo de Estudos em Direito, Sociedade e Conflitos (UESPI/Corrente)

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Publicado

2020-12-26

Como Citar

Para ler as ruínas do Antropoceno mineiro: catástrofe-crime e trauma cultural em Mariana. (2020). Revista Opinião Filosófica, 11(3). https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v11.996