A Lógica e a Narração da Contingência em Hegel
Resumen
Os principais objetivos do artigo podem ser formulados da seguinte forma: a) Hegel tem uma noção forte de contingência. Contingência não é, para ele, a ausência simples de necessidade, tampouco subdeterminidade simples. Contingencia é uma noção original, que tem o mesmo peso e a mesma dignidade lógica e metafísica que a noção de necessidade; b) essa noção forte de contingência é decisiva para a concepção de Hegel de subjetividade na medida em que pode ser remetida a sua filosofia do real. À diferença do que é assumido em muitas outras interpretações comuns de Hegel, sugiro que a possibilidade de ir da necessidade à contingência caracteriza uma parte essencial da liberdade subjetiva, tanto quanto a possibilidade de ir contingência à necessidade. Isso tem consequências importantes, especialmente na filosofia da história, que aparece não como apriorística ou dogmática, mas como aberta à contingencia (mesmo que não o esteja às conclusões céticas); e, c) consistentemente com o reconhecimento da irredutibilidade da contingencia à conceitos a priori, Hegel também reconhece a necessidade da narração não-filosófica da contingência e nos fornece algumas pistas importantes sobre isso e sobre sua relação com a filosofia. Ao longo da minha argumentação dessas três teses, espero fornecer evidências para a tese de que a construção dogmática na filosofia da história de Hegel (incluindo, mas não se limitando à tese do fim da história) pode ser atenuada pela referência ao entendimento de Hegel da contingência. Em uma escala geral, isso também mostra que o fundamento lógico da filosofia do real de Hegel não pode ser abandonado sem que se prejudique o potencial da filosofia de Hegel de contribuir aos debates filosóficos contemporâneos. Meu argumento estrutura-se como se segue. Eu irei, primeiramente, comentar algumas passagens da Ciência da Lógica de Hegel do começo da Lógica Subjetiva sobre a lógica da contingência (I) e a presença da contingência na estrutura lógica da subjetividade (II). Eu irei, então, ilustrar, com referência a um caso específico, o papel desempenhado pela contingência na filosofia hegeliana da história (III). Na última seção (IV), discutirei a relação entre verdade e contingência, por um lado, e filosofia e narratividade, por outro, tentando esboçar as principais linhas da narração da contingência sob bases hegelianas.Descargas
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